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De âmbito paisagístico, histórico e cultural, a rota que se apresenta deve o seu nome a dois elementos característicos que marcam o imaginário em redor das fontes: os cântaros, geralmente em barro, serviam para recolher a água, e eram transportados cabeça sobre as rodilhas, rodas de pano torcido.
Antes da implementação da rede pública de abastecimento, era preciso ir até às fontes a fim de obter o precioso líquido. Este percurso pretende, pois, que se volte a caminhar para as fontes, elevando-as enquanto património e resgatando a função social e memória destes espaços enquanto pontos de encontro, partilha e convívio da comunidade.
Mas os valores desta caminhada não se esgotam no património da água. Estendem-se à paisagem do Vale Cipote, ao património natural do olival e do carvalho-cerquinho e aos próprios caminhos ancestrais que nos conduzem na viagem e que outrora foram pisados por peregrinos, almocreves ou cavaleiros templários. Histórias que se convida a descobrir, de fonte para fonte, nesta rota dos Cântaros e das Rodilhas.
Iniciando na Fonte do Sobreiral, o percurso desce à direita para se cruzar com o Caminho de Santiago e envereda por via rural até à Quinta dos Casalinhos. Belos sobreiros emolduram prados verdejantes daí até Pussos, onde pode fazer um desvio para conhecer a igreja de St.º Estevão antes de continuar e passar junto à fonte da aldeia.
Já a par com a GR35 – Grande Rota de Alvaiázere, surge a Fonte do Paço que relembra a herança templária/da Ordem de Cristo e anuncia a entrada na serena paisagem do Vale Cipote, sempre na companhia da sua ribeira de águas cristalinas. A rota diverge depois por entre muros em pedra e frondosas árvores até à fonte da Sandoeira, dá a volta à aldeia e pisa calçada até ao Ramalhal, seguindo juntamente com a GR35 e o PR6 – Encontros entre o sagrado e o profano.
Emerge-se totalmente na natureza em pleno Sítio de interesse Comunitário Sicó-Alvaiázere. Entre mosaicos de olival e pastagens e na companhia de impressionantes carvalhos e sobreiros, chega-se ao Rego da Murta, aconselhando-se um desvio para conhecer os dois monumentos megalíticos na zona. Segue-se na envolvência de belos olivais até encontrar de novo o caminho de Santiago e chegar ao final do trajeto na Fonte dos Cavaleiros, cuja origem provavelmente também se deve à ordem do Templo.
Iniciando na Fonte dos Cavaleiros, o percurso encontra e segue brevemente o Caminho de Santiago para sul, separando-se à esquerda para acompanhar a GR35 – Grande Rota de Alvaiázere e o PR6 – Encontros entre o sagrado e o profano, envolta de frondosos olivais. Aproveite a possibilidade de visitar os monumentos megalíticos do Rego da Murta antes de fletir para norte e atravessar uma das mais idílicas secções do percurso, entre muros de pedra, sobreiros monumentais e carvalho-cerquinho.
Após o Ramalhal, a rota desvia em direção à Sandoeira, visitando a sua fonte histórica e retornando à Rua da Forja por antigo caminho. Atravessando a CM1115, segue-se ao lado da ribeira de Vale Cipote (ou ribeira de Pussos) para norte. Tempo para relaxar na toada da água, nos aromas do vale e na frescura dos prados.
A fonte do Paço, herança templária/da Ordem de Cristo, assinala o regresso a uma paisagem mais humanizada, onde pouco depois surge a fonte e o casario de Pussos. Sugere-se um pequeno desvio para conhecer a igreja local dedicada a St.º Estêvão antes de seguir para Casalinhos e Sobreiral com vista para o mosaico agrícola por vezes animado pelas cores do gado. A Fonte do Sobreiral marca o final desta viagem que decorre quase toda ela dentro do Sítio de interesse Comunitário Sicó-Alvaiázere.
… o Carvalho-cerquinho (Quercus faginea), que se evidencia nas paisagens desta rota, foi usado na construção de naus? Da freguesia de Pussos saíam elementos pré-fabricados, que eram escoados pelo rio Tejo até Lisboa e assemblados, dando forma às embarcações com que os Portugueses se lançaram à descoberta de novos mundos.
De folhas marcescentes, ou seja, secam e persistem nos ramos até ao nascer de novas folhas na primavera, o Carvalho-cerquinho é uma das três árvores que se destacam ao longo do caminho, a par da Oliveira (Olea europaea) e do sobreiro (Quercus suber). Junto de muros em pedra, prados ou bermas sobressaem também as orquídeas selvagens, como a Salepeira-grande, e o colorido Lírio-de-poupa, espécie endémica da Península Ibérica.
Todo o ano.
Chama-se particular atenção para o período de verão devido às elevadas temperaturas que se podem fazer sentir com possibilidade de períodos de risco máximo de incêndio, onde é desaconselhado o uso do percurso, e para o período de inverno na zona da Ribeira de Vale Cipote, devido ao perigo de cheias e/ou piso escorregadio.
Publicado por: Freguesia de Pussos São Pedro
Última atualização: 11-01-2025